Secretaria do Verde não tem nenhum plano para a superpopulação de animais abandonados e também não prevê nenhuma manutenção constante do parque.
Na última quarta-feira, 17 de abril, uma comissão do movimento de Mães e Pais da Aclimação se reuniu com dois secretários municipais: Eduardo de Castro (Verde e Meio Ambiente) e Daniel Annemberg (Inovação e Tecnologia). A reunião aconteceu devido à pressão do movimento pela reabertura, melhoria e manutenção dos parquinhos infantis. O grupo promoveu um ato no parque e mantém um abaixo-assinado com grande adesão – quase mil mães e pais já haviam assinado o documento no dia da reunião.
Durante o encontro na Secretaria do Verde, as mães e pais relataram a situação desde sua origem, quando foi constatado em laudo da Prefeitura a contaminação dos parquinhos devido ao excesso de fezes e urina de animais, até o impasse atual: até agora não saiu do papel nenhuma das ações que vem sendo debatidas há mais de um ano entre a administração do Parque, o Conselho Gestor, a Secretaria do Verde, o Centro de Controle de Zoonoses, mães, pais, gateiras e demais frequentadores.
Nada de manutenção e nem planejamento para gatos
A reunião também revelou alguns problemas. O primeiro foi constatar que o secretário nada sabia sobre nenhuma das medidas acertadas. Isso mesmo com a presença, em todas as reuniões, da administração do parque — que é nomeada pela própria Secretaria do Verde.
A segunda frustração foi a revelação que a Secretaria do Verde não tem rigorosamente nenhum planejamento para conter a superpopulação de gatos no Parque da Aclimação. Nada. Pior: ao ser comunicado sobre a proposta de controle da população de gatos abandonados elaborada após meses de discussão entre Zoonoses, Conselho Gestor e administração do Parque, Eduardo de Castro ainda retirou qualquer comprometimento de sua pasta com a questão:
“A Secretaria do Verde cuida dos parques, o problema dos gatos é de saúde pública, não é nosso”, afirmou o secretário na reunião, ignorando que os animais abandonados são hoje um dos principais problemas do parque sob sua responsabilidade.
Pressionado pelos pais, ele propôs que fosse marcada uma reunião entre a sociedade civil, a Secretaria do Verde e a Zoonoses para tentar encaminhar essa complexa questão, que está na origem do problema.
A terceira frustração foi quanto a manutenção geral do Parque da Aclimação: como não há equipe de manutenção fixa, tanto os parquinhos infantis como todas as demais demandas de cuidados permanentes do parque não podem ser feitas de forma adequada.
Foi informado ainda aos pais que os vigias não podem auxiliar na manutenção. “Seria pedir um favor pra eles, não é obrigação deles ficar cuidando das gateiras, dos gatos e dos tanquinhos de areia”, disse uma servidora presente na reunião. Ao que o Secretário acrescentou: “nós temos um uma empresa de segurança terceirizada, então eu vou ter que chamá-los e fazer um treinamento para cuidar dessa questão dos gatos e dos tanques de areia? Eu vou estar dando uma atribuição a mais para uma empresa terceirizada”.
Ou seja: o desejo de retomar para as crianças os tanquinhos de areia e outros espaços nos quais nossas filhas e filhos brincam, evitando que eles continuem apenas um lugar para animais abandonados fazerem suas necessidades, por enquanto seguirá sendo apenas um desejo.
Promessa de R$ 350 mil. Vai resolver?
Na reunião foi informado ainda que existe um projeto tramitando na Secretaria do Verde para a reforma dos 3 parquinhos infantis, derivado de uma emenda parlamentar do vereador Dalton Silvano (DEM), ao custo de R$ 350 mil.
Nele está previsto, por exemplo, acabar com todos os tanques de areia das áreas infantis, privando as crianças mais novas de sua área favorita de lazer.
E muitas áreas hoje de terra batida seriam transformadas em piso emborrachado. A justificativa para tais medidas seriam normas técnicas que a Prefeitura deveria seguir para a construção de parquinhos infantis.
Há, contudo, uma boa notícia no projeto: atendendo à reivindicação das mães e pais, os parquinhos não serão cercados. Ou seja, não serão criados “criançódromos”, uma inversão de valores que deixa o parque todo para os animais abandonados irregularmente e cercadinhos para as crianças.
O projeto foi totalmente elaborado sem nenhum único debate com a sociedade ou com o Conselho Gestor. Mas, segundo a secretaria, isso seria feito no futuro.
Reforma sem manutenção e sem cuidar do foco do problema
Em suma, na reunião ficou claro que a Secretaria do Verde acredita que a reforma solucionaria todos os problemas, o que é um enorme engano, pelos dois motivos simples dos quais estamos falando:
1) O foco da contaminação dos parquinhos são as fezes e a urina de animais. Essa informação está claramente colocada no laudo da Prefeitura, que é público e pode ser lido na íntegra aqui. E, frente a esse fato, a Secretaria do Verde não tem nenhum projeto para conter a superpopulação de gatos no parque que administra.
2) Não há nenhuma previsão de manutenção constante do parque. Nem no projeto do vereador e nem nos planos da Secretaria. E, na opinião do grupo de mães e pais, toda e qualquer ação hoje no parque deveria priorizar sua manutenção cotidiana.
Logo, qualquer que seja o encaminhamento dessa grave situação do parque, sem manutenção constante e sem um grande projeto para controlar a população de animais abandonados, não haverá solução definitiva para o problema dos parquinhos, das crianças, dos outros animais da fauna do parque e nem dos frequentadores em geral. Haverá apenas maquiagem.
Por este motivo é que, após a reunião com os secretários, ficou ainda mais claro que nossas crianças precisam de muita ajuda para ter uma melhor qualidade de vida. Fortaleça o grupo de mães e pais da Aclimação. Deixe aqui seus contatos para receber nossos informes e espalhe nosso site e nosso abaixo-assinado entre todos os moradores da região!
