Em reunião na Secretaria do Verde na última quarta-feira 8 de maio com a presença do Conselho Gestor do Parque, o Movimento Mães e Pais da Aclimação e outros frequentadores foi apresentado o projeto de reforma dos 3 parquinhos infantis.
Primeiro, o grupo de mães apresentou suas reivindicações: 1) a manutenção fixa do Parque, hoje inexistente 2) a redução da superpopulação dos gatos, o que causou a contaminação dos Parquinhos e 3) a não descaracterização dos tradicionais parquinhos infantis do Aclimação. Foi pedido acima de tudo respeito às crianças, ao patrimônio histórico, ao tombamento do parque e a um meio ambiente equilibrado.
Em seguida a Prefeitura apresentou o projeto da reforma. Como a Secretaria diz não ter previsão para uma equipe de manutenção fixa nem dos parquinhos e nem do Parque em geral, representantes da secretaria disseram então que farão então uma reforma que, supostamente, necessitaria da menor manutenção possível.
Basicamente os parquinhos perderão todos os tanques de areia e terão boa parte do seu piso emborrachado.
Os pais ficaram indignados com a proposta. A reivindicação das mães e pais, extremamente simples (os parquinhos de volta, limpos e com manutenção), é considerada pela Prefeitura uma utopia, algo impossível. E, por isso, haverá a destruição dos parquinhos como os conhecemos.
E como não há nenhum plano da Prefeitura para reduzir efetivamente a população de animais abandonados e o parque seguirá sem manutenção fixa, será impossível termos parquinhos limpos, independente da reforma feita. Por outro lado, com parquinhos limpos e manutenção constante, poderíamos ter o parque como ele sempre foi – com tanques de areia abertos e áreas saudáveis para as crianças.
O projeto apresentado se assemelha muito a um parquinho de shopping center, como já existem centenas na cidade, e não um parque público que proporcione a oportunidade rara para nossas crianças se esbaldarem na terra e na areia, algo tão necessário ao desenvolvimento saudável dos pequenos.
”Não podemos fazer nada em relação aos gatos”
Uma representante da secretaria sugeriu recolocar os tanques de areia no projeto, colocando cercas em torno deles. Essa opção apareceu frente a admissão da incompetência da Prefeitura de lidar com o grave problema da superpopulação felina.
“Para nós é desesperador ver a quantidade de animais abandonados no parque, uma coisa que não conseguiremos resolver nem a curto nem a longo prazo. Não adianta só fazermos o controle populacional no parque, precisa da Saúde trabalhando nisso e de uma fiscalização que hoje não existe. É muito frustrante para nós não conseguirmos resolver”, afirmou na reunião uma representante da Divisão de Fauna Silvestre da Secretaria do Verde.
A funcionária do Verde continuou desenhando um quadro trágico para São Paulo, sobre o qual a Prefeitura nada poderia fazer: “A realidade é que teremos cada vez mais animais abandonados na cidade. E não há nada sendo feito para coibir esses abandonos. Não conseguimos fazer um controle populacional dos gatos e não existe um controle sobre isso. O Aclimação é considerado um parque crítico para nós. Teríamos que castrar e tentar doar. Mas sou bem pessimista com relação a esse controle dos animais na cidade”.
Essa posição da Prefeitura é totalmente inaceitável.
Desta forma, o projeto e a situação do parque em geral precisam continuar sendo discutidos, para que possamos aproximar as medidas propostas dos principais interessados nessa questão: as crianças.
O Conselho Gestor do Parque, presente à reunião, engrossou o coro do movimento de pais e mães e também pediu um plano de manutenção mais sério do Parque todo, além da fiscalização do abandono de animais e um projeto urgente para a doação dos gatos que hoje moram no parque.
Além de tudo isso, o projeto da reforma precisa ser aprovado pelos órgãos de tombamento, já que o Parque da Aclimação é tombado pelo patrimônio histórico.
É preciso seguir lutando pelas crianças
A reunião terminou de forma inconclusiva. O Conselho Gestor do Parque da Aclimação e a sociedade civil querem mais debate, e não uma reforma apressada que não resolve nada, descaracteriza completamente os tradicionais Parquinhos da Aclimação e ainda pune as crianças privando-as do brinquedo favorito dos pequenos — os tanques de areia. E cabe finalizar perguntando: a quem interessa tanta pressa para fazer uma reforma que não ataca os problemas principais do Parque, sendo apenas uma maquiagem?
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