Nova reunião do Conselho: Prefeitura abandona diálogo e descaso com o parque se agrava

Na reunião desta última segunda-feira 17 de junho os conselheiros denunciaram a falta de diálogo e transparência da Prefeitura. No encontro anterior, o representante da Prefeitura disse que, a partir de agora, qualquer solicitação de informação só seria respondida por escrito. Pois bem, o Conselho seguiu a nova norma e encaminhou ofícios solicitando informações sobre a administração do parque, manutenção, reforma dos parquinhos e providências quanto a animais abandonados. Um mês se passou e nenhuma resposta veio.

Zoonoses, por exemplo, ignorou totalmente os pedidos. Já a Secretaria do Verde, um mês depois de receber os questionamentos, inventou mais um empecilho burocrático, e disse que estava faltando um requerimento X para que pudesse responder.

Se tratam de demandas importantes como por exemplo: 1) Ter acesso ao projeto da reforma dos Parquinhos; 2) Saber a quantidade de gatos abandonados que hoje moram no Parque da Aclimação — e quantos deles são adotáveis imediatamente; 3) Ter acesso ao registro público e oficial do novo administrador do Parque, pois hoje a administração está sendo feita, de forma informal, pela pessoa que também cuida do Parque da Independência e está acumulando função com dois parques grandes e cheios de desafios.

Mas nenhuma dessas respostas chegou até o Conselho. Agora, todas as solicitações de esclarecimentos serão reenviadas para a Prefeitura.

Parquinhos infantis: sem novidade…

Com relação aos parquinhos, a Prefeitura também não encaminhou nada no último mês. Questionado sobre um eventual risco de o projeto de reforma ir para licitação sem ter sido apreciado pelo Conselho Gestor, o administrador informal do parque confirmou que isso pode acontecer. Seria um desrespeito às atribuições dos conselheiros, todos eleitos pelos frequentadores do Parque para representar a sociedade civil nos debates com o poder público, também fiscalizando suas ações.

O Conselho Gestor não teve acesso ao projeto para análise, porém já se sabe que ele prevê parquinhos emborrachados e sem tanques de areia, nem mesmo cercados – uma proposta do grupo de Mães e Pais para preservar os tanques.

Além disso, o foco da contaminação das áreas infantis, ou seja, o excesso de animais abandonados – verdadeira razão do fechamento dos parquinhos – não será enfrentado de forma adequada, reduzindo-se a população de gatos. Ou seja, as crianças continuariam sendo punidas ao ficar sem seus brinquedos favoritos e sem o contato com a natureza, além de continuarem expostas à contaminação e ao forte mau cheiro.

ONG Alana

Diante desse quadro, o Conselho optou por continuar alertando a sociedade civil e cumprindo seu papel de promover o debate, mesmo que a Prefeitura continue surda para as demandas dos frequentadores.

Por isso, foi aprovada uma reunião extraordinária no dia 1 de julho para uma palestra com uma engenheira ambiental do Instituto Alana, ONG que promove o direito e o desenvolvimento integral da criança e tem um trabalho de pesquisa e estudos avançados sobre a relação das crianças com a natureza, como divulgado em recentes matérias na imprensa.

O Movimento Mães e Pais apoia essa iniciativa e convida a todos para comparecerem a esse importante debate, sobre o qual divulgaremos todos os detalhes em breve.

Ação no Ministério Público

Por fim, o Conselho Gestor promoveu a assinatura do dossiê que será encaminhado ao Ministério Público e que havia sido aprovado em reunião anterior. Nele, todos esses descasos e omissões com o parque, com o meio ambiente da cidade e com a saúde e o bem-estar da sua população foram detalhados e embasados com documentos que comprovam toda a situação, que infelizmente só se agrava.

O Conselho Gestor e o Movimento de Mães e Pais da Aclimação lamentam profundamente que o governo se coloque em pé de guerra contra a população e abandone o parque em nome de interesses ainda não revelados. Esperamos que não seja uma preparação para uma eventual privatização feita às pressas e visando apenas o luro de empresas interessadas.

Contamos com a sua ajuda de todos para resistir a esses ataques ao nosso meio ambiente, à nossa fauna silvestre, à nossa saúde, ao ar que respiramos e claro, às nossas crianças.

Criança observa parquinho interditado por contaminação desde setembro (Foto: Erikson, pai do João César)