Movimento Mães e Pais da Aclimação apresenta suas sugestões de candidatos a vereador

Exercendo na prática a democracia e a participação cidadã, o Movimento Mães e Pais da Aclimação vem a público de forma honesta e transparente revelar o processo e o critério que o coletivo vivenciou nas últimas semanas para conhecer e apoiar candidaturas para vereador em São Paulo.

Para entender melhor porque nosso movimento resolveu apoiar candidaturas, por favor leia a carta manifesto logo após essa introdução. Em resumo, o maior estímulo foram as dificuldades encontradas pelo movimento e seus membros para exercer a cidadania e a democracia no bairro nos últimos anos. Mesmo nas questões mais simples.

Nosso movimento decidiu então participar dessas eleições de forma clara, apresentando um cardápio pluripartidário de candidaturas, na tentativa de oxigenar a política no Cambuci e na Aclimação, há décadas nas mãos dos mesmos “donos do poder”. Os critérios foram os seguintes:

– Os membros do grupo indicaram candidaturas conhecidas, com as quais tinham afinidade.

– Foram feitas sabatinas semanais com cada candidato indicado.

– No final do processo chegamos a 6 candidaturas que comungam dos nossos princípios e objetivos, e endossam nosso manifesto sobre o que esperamos de um vereador em SP, são elas, em ordem alfabética:

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ECOLETIVO – 50.021

Somos ativistas  e fundadores do Coletivo das Vilas e do Movimento Boa Praça. Estamos convencidos da urgência da união entre o meio ambiente e a justiça social na implantação de políticas públicas em nossa cidade e da necessidade de se reorganizar São Paulo a partir da ótica das águas, suas microbacias hidrográficas e da valorização das coletividades.

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ÍNDIO – 50.600

Edson Carneiro Índio vive em São Paulo há 30 anos, e mora no Ipiranga. É assíduo frequentador dos parques e praças da região, como o Parque da Aclimação e do Ipiranga. Valoriza a importância das áreas verdes e de lazer na cidade e, por isso, está comprometido com a volta dos Conselhos Deliberativos nos parques e lutará contra a privatização que Covas e Russomano desejam fazer. Índio vai propor um Sistema Municipal de Esportes e Lazer que articule parques, praças, escolas, equipamentos públicos e profissionais dessas áreas. É ainda um dos fundadores da Frente Povo Sem Medo e Secretário Geral licenciado da Intersindical, uma central de trabalhadoras e trabalhadores fundada em 2014.”

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LIGIA JALANTONIO – 18.191

Da carreira profissional iniciada no varejo, passando pela formação como atriz e produtora de teatro, e finalmente como mãe ativista da ocupação da cidade pelas crianças, me percebi desde sempre como uma articuladora em busca de melhores condições à população do meu entorno. Ciente de que todas as nossas ações são políticas, sempre atuei de forma a exigir que os direitos fossem garantidos aos cidadãos sem distinção de idade, classe, raça ou condição.

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LUANA ALVES – 50.505

Luana Alves é uma feminista negra e trabalhadora da saúde. Ao lado de Sâmia Bomfim e Mônica Seixas constrói o PSOL. Nessas eleições, aceitou o desafio de ser uma porta-voz da luta antirracista, antifascista, das mulheres, das periferias, das LGBTQIA+ e ocupar a Câmara de Vereadora de São Paulo. É coordenadora de um movimento de educação popular chamado Rede Emancipa, que trabalha com acesso à universidade e juventude nas periferias. E apoiou publicamente o projeto do Movimento Mães e Pais da Aclimação para transformação da antiga bocha em um espaço Mais Verde.

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MARINA BRAGANTE – 18.333

É mãe de trigêmeos, casada e apaixonada por São Paulo. Psicóloga, mestre em administração pública por Harvard, tem 15 anos de experiência na gestão pública. Foi secretária adjunta na Secretaria de assistência social do estado de São Paulo e chefe de gabinete da deputada estadual Marina Helou (Rede). Acredita que podemos ter uma cidade melhor com um Governo Inteligente, que cuide de pautas prioritárias como primeira infância e redução das desigualdades sociais. É líder Vamos Juntas, líder RAPS e fez RenovaBR.

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BANCADA FEMINISTA / SÍLVIA FERRARO – 50.900

Silvia Ferraro é mãe, feminista e professora da Rede Municipal de São Paulo. Também compõe a Bancada Feminista do PSOL. “Entendemos a pré-candidatura coletiva como uma ruptura com o modelo personalista e messiânico de fazer política. Nossa unidade e nossa diversidade são parte da mesma esperança que nos move. Encampamos um programa político popular que luta em favor de todes: um feminismo anticapitalista, trans-inclusivo, antirracista, combatente à LGBTfobia, ao capacitismo e ao etarismo. Por isso, pretendemos na composição dessa pré-candidatura a expressão das lutas em nossos corpos: mulheres mães, negras, trabalhadoras, trans. Nossa pré-candidatura deseja semear a ideia de que é possível lutar por outra cidade, sem desigualdades e opressão”.

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MANIFESTO

O que queremos de uma vereadora ou vereador?

O Movimento Mães e Pais da Aclimação surgiu em 2018, quando um grupo de mães e pais frequentadores do Parque da Aclimação se juntou para reivindicar melhorias nas áreas infantis e respeito às crianças no espaço público. A união resultou numa participação ativa no Conselho Gestor do Parque.

Nosso movimento trouxe pela primeira vez uma participação popular real na gestão do Parque. Mais do que isso, renovou e agitou o debate político sobre espaços públicos no Cambuci e na Aclimação, incomodando os velhos atores locais.

Essa tentativa de exercer a cidadania e interferir nas decisões sobre um bem público como um parque trouxe muitos aprendizados.

O principal deles é que a cidade de São Paulo é dividida em territórios comandados por vereadores clientelistas. Segundo uma rígida lei não escrita, associações, coletivos, movimentos ou órgãos de participação democrática não podem criar projetos, debater obras públicas ou implementar qualquer melhoria no seu bairro. Mesmo órgãos criados por leis e eleitos pela população, como os Conselhos, não são ouvidos.

Qualquer conquista sem a bênção do vereador “dono” daquele território é imediatamente cortada pela raiz, tratada como uma iniciativa inimiga.

Esse sistema funciona à base de muito dinheiro público, vindo dos impostos pagos pela população. São as famosas emendas parlamentares, que perpetuam a dependência da população em relação ao vereador local.

A Prefeitura transfere a sua responsabilidade sobre o que o bairro precisa, e obriga a população a pedir tudo para o parlamentar “dono do bairro”, e não para os órgãos legalmente responsáveis. Dessa forma, obras e serviços de manutenção básicos, pagos com o dinheiro do caixa geral da Prefeitura, viram “obra do vereador”, para que ele tenha ganhos eleitorais.

E seu poder vai além. Atinge alvarás de vendedores ambulantes e comerciantes, indicações de administradores de parques, UBS e escolas públicas e todo e qualquer projeto público na região. Absolutamente nada acontece sem que o “vereador do bairro” não saiba, aprove e, claro, tenha um ganho eleitoral.

Esse mecanismo trava qualquer participação verdadeiramente cidadã que não seja totalmente submissa ao vereador “dono” da região.

Foi o que o Movimento Mães e Pais da Aclimação sentiu na pele, por exemplo, ao elaborar um projeto ao lado da Secretaria do Verde para enfrentar um problema nos parquinhos infantis.

Ao lado do Conselho Gestor do Parque, foi elaborado ao longo de meses um projeto de custo praticamente zero para a revitalização e manutenção das áreas infantis. Esse projeto foi inclusive aprovado pela Secretaria. Porém, ele não atendia o que queria o vereador do bairro e seus planos eleitoreiros.

Através de uma emenda parlamentar, os parquinhos foram colocados abaixo e reformados pelo valor de 500 mil reais. Tudo sem debate algum com a comunidade do Cambuci e da Aclimação, que não pôde opinar sobre nada do projeto que descaracterizou os parquinhos.

Além disso, a obra foi muito mal executada, precisando de uma série de reparos antes mesmo de ser aberta para as crianças. E o plano original, muito mais barato, elaborado pela população e aprovado pela secretaria do Verde, foi para a lata de lixo.

Toda essa introdução ajuda a entender o que queremos dos vereadores e vereadoras da nossa cidade.

Primeiro, que lutem para fazer valer de verdade a democracia participativa, com respeito a Conselhos, audiências públicas, transparência radical na gestão etc.

Além disso, nosso movimento busca uma cidade mais generosa com suas crianças. Que pense políticas públicas e obras para São Paulo se tornar um lugar onde as crianças tenham vez e sejam respeitadas. E uma cidade boa para os nossos pequenos é uma cidade boa para todo mundo.

Para isso, é preciso que a gestão do vereador tenha como foco:

– Preservação de áreas verdes, praças e áreas de lazer, com foco nas crianças;

– Políticas públicas voltadas para apoiar a maternidade e infância em sentido amplo, com forte apoio às mães– parto, creche, emprego etc.

– Defesa da educação e saúde pública;

– Apoio à cultura, com atenção especial às crianças;

– Diminuição da desigualdade social;

Finalmente, uma vereadora ou vereador ideal é aquela ou aquele que compartilhe da nossa visão de cidade. Uma cidade inclusiva, com meio ambiente preservado e serviços públicos de qualidade. Mais justa para todas e todos. Com ênfase na participação popular de verdade, por meio dos órgãos de consulta e deliberação previstos em lei e já citados acima.

Não dá mais para aceitar a vitória de parlamentares com desprezo pela população que os elege. Queremos uma cidade onde a democracia seja exercida de verdade e em todo seu potencial. E convidamos você a nos ajudar.

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 Movimento Mães e Pais da Aclimação